Os 4 erros SOCIAIS mais comuns de brasileiros ao falar inglês
- Teacher Heitor Goncalves
- 26 de abr. de 2023
- 5 min de leitura
Atualizado: 29 de abr. de 2023

Claro que o aprendizado de línguas passa por características individuais durante o seu processo. As perspectivas daquilo que é mais fácil ou difícil mudam de pessoa para pessoa e cada um de nós deve buscar o melhor caminho e respeitar o próprio ritmo de aprendizado. Porém dentro daquilo que é padrão observa-se alguns erros comuns à maioria dos brasileiros ao falar inglês. Normalmente apontamos os erros linguísticos, mas você sabia que também existem erros SOCIAIS na hora de aprender uma língua estrangeira?
Pronúncia
O maior erro aqui é imitar (mesmo que inconscientemente) a pronúncia do português - sons e ritmos – quando estiver falando inglês. Isso pode até parecer que não faz tanta diferença quando começamos a aprender uma língua estrangeira ou quando já estamos acostumados a “nos virar” com o inglês. Porém, aos ouvidos mais experientes e consequentemente mais sensíveis existe um incômodo enorme quando isso acontece, por vezes levando até a problemas durante a comunicação. Não se esqueça: temos expectativa de ouvir da mesma maneira que falamos, logo, se falamos corretamente, esperamos ouvir corretamente.
Quando falamos com um nativo ou com alguém mais experiente na língua, esta pessoa espera ouvir sons e ritmos característicos da língua, não só vocabulário ou estruturas gramaticais. Não subestime o poder da pronúncia correta. Na verdade este erro não é exclusivo de brasileiros. A maioria dos aprendizes passa por este processo. É preciso não resistir à ideia de que é importante nos conscientizarmos destes tópicos quando aprendemos uma língua estrangeira.

Vou deixar aqui dois exemplos que ilustram bem alguns destes erros:
Sons que existem em inglês e não existem em português → Quando aprendemos um vocabulário novo temos a tendência de pronunciá-lo com base nos sons que conhecemos da nossa própria língua. Por vezes pode até dar certo, mas na maioria dos casos em inglês isso é uma armadilha. A língua inglesa tem sons que não existem em português, como o "th" em "think" e "this" ou o Schwa sound (som vocálico muito presente na língua inglesa e que também não existe na língua portuguesa).
Entonação e ritmo → O mesmo acontece com o nosso ritmo de fala. Muitos brasileiros aplicam o mesmo ritmo de fala do português quando comunicam-se em inglês. Para ouvidos menos experientes e sensíveis às características da língua pode até não parecer grave, mas é! A língua inglesa possui um ritmo de fala completamente diferente da língua portuguesa. Sabe aquela sensação que você tem de que “o nativo fala muito rápido”? Na verdade não tem relação com a velocidade da fala, mas sim com o ritmo da língua. Ele não fala rápido, ele fala no ritmo e na entonação correta e se você não está acostumado(a) a este ritmo realmente pode complicar-se na compreensão do que foi dito.
Tradução literal
Como diria o sábio: se a tradução ensinasse Inglês eu não seria professor e sim vendedor de dicionários.
Brincadeiras à parte, muitas pessoas ainda acreditam que a tradução, e somente ela, é capaz de ensinar uma pessoa a falar uma língua. Insistem nesta estratégia e acabam se enrolando durante os estudos.

É quase impossível contar o número de alunos que já experienciei se deixarem levar pela ilusão da tradução e consequentemente não apresentarem os resultados comunicativos esperados. O ciclo é sempre o mesmo, por não terem o resultado esperado, acabam por desistir ou adiar o aprendizado. A tradução literal não só impede o desenvolvimento da comunicação como o atrasa.
Um dos principais pontos negativos da tradução literal quando estamos em processo de aquisição de linguagem é que diversas vezes ela não faz sentido para o CONTEXTO em que queremos aplicá-la. Isso não é algo exclusivo de expressões mais rebuscadas, gírias ou vocabulários específicos. Um pensamento bem simples é refletir sobre como aprendemos a nossa língua materna. Quando somos bebês e estamos adquirindo os nossos primeiros vocabulários não temos a opção de uma tradução. Temos a experiência, a escuta, a observação, a tentativa, e o mais importante: a necessidade de nos comunicarmos num ciclo como o da imagem abaixo:

Uma aula de aquisição de língua estrangeira muitas vezes simula situações comunicativas nas quais experienciamos a língua através do mesmo processo que experienciamos e aprendemos a nossa língua materna, logo, sem traduções. Existe uma série de técnicas e ferramentas que nós professores usamos para tornar tudo isso possível.
Por fim, muitos brasileiros tendem a traduzir expressões e frases do português para o inglês de forma literal, o que pode levar a equívocos e confusão na comunicação. É importante entender que cada idioma tem suas próprias expressões e formas de se comunicar, e que nem sempre é possível traduzir literalmente do português para o inglês.
Ter medo de errar
Parece discurso motivacional, eu sei! Mas é verdade: ERRAR FAZ PARTE! E MUITO!
Na verdade, abrir-se ao erro é abrir-se à experiência. Se novamente refletirmos sobre como aprendemos a nossa língua materna, vamos chegar à mesma conclusão. Já acompanhou um bebê em fase de aquisição de linguagem? Ele acerta tudo o que fala (pronúncias, concordâncias, estruturas gramaticais, vocabulário)? Claro que não! Ele erra e entra num ciclo de aprendizagem que passa justamente pela experiência com a língua. Portanto, coloque-se nesta posição quando estiver em um momento de prática. Permita-se errar e observe/escute atentamente quando for corrigido ou quando ouvir/ler os seus “modelos” (professor, mídias, apps, livros, textos, etc). Repita o processo (infinitamente, rs).
Subestimar o contato com a língua e a prática entre as aulas
Eu sei, já fui - e sou - aluno. Praticar repetições, estudar estruturas, fazer atividades de consolidação, tudo isso pode ser muito entediante e cansativo, seria muito melhor ficar falando inglês livremente e evoluir assim. Mas existe momento para tudo e, sim, esta prática cansativa e por vezes entediante, faz parte! É claro que em um contexto normal ninguém vai ficar 8 horas por dia estudando apenas inglês. Nem é necessário. Apesar de ser algo muito pessoal, de 30 a 60 minutos de contato com a língua todos os dias ou na maioria dos dias que não tem aula já pode transformar o seu aprendizado.
É preciso estudar! É preciso ter contato com a língua estrangeira! Lógico que como professores tentamos sempre criar as maneiras mais atrativas para a realidade de cada aluno - gamificar é preciso mas existe uma pequena parte onde é necessário, de fato, encarar e aprofundar-se nos estudos. Se quiser saber mais sobre gamificação na educação, vem comigo e clique aqui.
Todos esses erros sociais e os seus efeitos negativos podem ser minimizados com o uso correto de metodologia, material, feedback e muita prática. Converse com o seu professor ou com a sua professora e crie um plano com diferentes metas para o seu processo de aprendizagem. Existe um universo de possibilidades para quem fala inglês!
See you next time!
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